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Espanha ao Domingo é um país fantasma. Eu cá pessoalmente desconfio que seja porque está toda a gente de ressaca das fiestas todas. Mas nem isso os impede de estar nas ruas logo pela manhã fresquinha para as cerimónias da Igreja.

Quando se vive no centro da cidade, tudo está perto ou facilitado. E a experiência é muito boa. Excepto quando são semanas ou domingos de festas católicas.

Hoje de manhã, muito cedinho, a Avenida Ramón y Cajal é acordada à força ao som de tambores, mas nenhum dos habitantes deste apartamento se levanta. Obviamente, praguejei entre os lençóis e puxei a coberta para cima e, - muito inocentemente,- pensei que eram os putos estúpidos do Conservatório a fazer uma exibição pela cidade e que iria ser razoavelmente rápido.

Muito me enganei! Não só não eram os putos do Conservatório, como não foi nada, mas nada rápido. Foi meia hora, 30 minutos, 1800 segundos ininterruptos de um som alto, irritante e monótono. Finalmente levanto-me para ver o que era.

Ele era homens, mulheres, crianças e jovens vestidos horrivelmente, agarrados a tambores nos quais batiam freneticamente, como se não houvesse amanhã. Por trás deles seguia um conjunto interminável de velhos. Sim, só velhos. Eram tantos que comecei a pensar que se tratava do Dia Do Idoso!

Mais uma vez, enganei-me. Desesperada, cansada da noite anterior, voltei a tentar dormir, mas era impossível com aquele som alto, monótono e portanto irritante.

Faz-se silêncio. Tão bom, perfeito, agora a Avenida poderia voltar à sua paralisia cerebral do domingo de manhã... Quando de repente se ouve de um altifalante:
-Ahora empieza la misa